quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Capítulo 16

Capítulo 16


- Oh, a propósito... Já concertamos o chuveiro.
- Que bom! Mas pela dúvida, eu já tomei banho lá mesmo.
- Bom, então eu vou esquentar uma sopa de carne pra gente comer ok?
Alice acenou com a cabeça e entrou no quarto, seguida de Duda. Alice colocara um pijama leve, pois estava fazendo muito calor á noite. Duda colocou um vestido cheio de rebites, preto com detalhes vermelhos, um coturno vermelho sangue e outros acessórios. Alice levou um leve susto.
- Aonde é que você vai Duda?
- Pra onde você acha que é Alice?
Ângela disse, entrando no quarto para guardar a blusa.
- Haha, como vocês são hilárias! Lógico, eu tenho um encontro marcado com meu amor.
- Traduzindo: ela vai para um show da Easy Plan.
- Wow, como você é esperta Angel! Haha, bom meninas. Vou indo nessa, até amanhã.
Alice se assustou novamante.
- Até amanha? Você está saindo as... 21h e vai voltar amanha?
- Lógico Alice, eu tenho que dormir na porta para garantir meu lugar na frente do palco. Bom, vou lá meninas, beijos.
Duda se apressou e saiu do apartamento. Alice olhava Ângela incrédula.
- Essa menina perdeu o juízo.
- E ela teve algum, algum dia na vida Alice?
Ambas riram.
- Mas apesar de tudo, ela é uma boa garota. Arruma a cama, lava a louça, as roupas. É comportada.
- Para Angel, tá parecendo minha mãe quando era viva. Até o nome é igual!
- Vem aqui filha da mamãe.
- Engraçadinha.
Ambas riram, tomaram a sopa e ficaram conversando até as duas da madrugada.
Deitaram e , como a cama de ambas eram uma do lado da outra, continuaram conversando até mais tarde.
- Estranho, já vai fazer um ano que a Duda gosta dessa banda e eu nunca vi foto de nenhum integrante, nenhum pôster.
- E você acha que eu ia deixar ela colar aqueles pôster aqui? Eu quero paz pra dormir, já basta ficar ouvindo eles o dia inteiro.
- Entendi!
Alice sorriu e pegou uma foto de dentro de sua bolsa. Ficou ali olhando para a foto de um garoto e uma garota toda cheia de hematomas com um skate na mão. Soltou um suspiro.
- Você nunca o esqueceu não é?
Alice olhou para Ângela com cara de desconfiada.
- Oque? Como assim?
- Você acha que eu nunca percebi Alice? Cinco anos juntas, e quase toda a noite eu vejo você olhar pra essa foto e chorar. Pode me falar amiga.
Alice abaixou a cabeça.
- Eu... Está tão na cara assim?
Angela sentou na cama de Alice e a abraçou.
- Se quiser, não precisa me contar. Só quero ver você bem.
- Foi  á muito tempo. Um certo garoto que eu amei.
- Deixe eu ver?
Alice mostrou a foto para Ângela, que sorriu.
- Vocês faziam um casal lindo! E você está parecendo a Duda.
Alice sorriu, mas não conseguiu conter uma lágrima.
- É eu era meio rebelde. Bem pouco... Oh Angel, eu amei tanto esse garoto. Mais foi melhor eu ter ido embora sem dar noticias.
- Como assim Alice?
- Bom...
Alice contou toda a historia, desde quando o conhecera, nao podendo conter algumas lagrimás durante a narração, que Ângela secava com toda a ternura.
- Alice... Você não deveria ter fugido assim! Ainda beijou o menino! Coitado, ele deve ter ficado sem saber o que fazer.
- Se eu pudesse voltar atrás...
- Você tem vontade de vê-lo novamente Alice?
Alice ficou um segundo em silêncio...
- Ah pra te falar a verdade Angel, eu nem sei mais. Não faço a menor idéia de onde ele esteja agora. Em algum lugar daquela cidadezinha miúda andando de skate, talvez.
- Ou as vezes ele pode ser seu vizinho e você nem sabe.
- Ah não. Ele era muito humildezinho, se é que você me entende.
- As pessoas mudam Alice.
Alice suspirou.
- Não sei Angel. Não tenho esperanças de encontrá-lo de novo... Bom, vamos dormir. Estou exausta.
Angela abraçou a amiga.
- Sim, tudo bem. Outro dia continuaremos essa conversa... Se você quiser, claro.
- Tudo bem, a gente vê.
Ângela sorriu e se arrumou para dormir, colocando a foto do lado da travesseiro de Alice.
- Boa noite Alice.
- Boa noite.
Ângela apagou a luz e ambas dormiram.

Fim do capítulo 16

Capítulo 15

Capítulo 15


     Cinco anos se passaram. Alice se mudara para Nova York e se instalara em uma pequena república de estudos. Ela não havia feito nenhuma faculdade, preferiu trabalhar um pouco ali e um pouco aqui com o que gosta e pouco tempo depois, Alice conseguira um emprego de babysister em uma casa de muita classe. Recebia muito bem e dormia na casa dos patrões de segunda á sexta.
Aos finais de semana Dona Kelly e Sr. Orlando, seus patrões, viajam com o pequeno filho Henry, de oito meses, que Alice cuidava, dando-a, então, uma folga. Mas não era sempre assim, ás vezes Dona Kelly e Sr. Orlando pediam para Alice acompanhá-los em algumas viagens para cuidar de Henry.
Ela tinha um pouco de dó do garoto. Os pais trabalhavam o dia inteiro. Acordavam as des horas e saíam apressados, voltando só onze horas da noite. E Henry, só mantinha contato com os pais nos finais de semana, que era puro lazer em hotéis chiquérrimos.
Dona Kelly era a secretária do coronel de polícia de uma base pouco longe dali e Sr. Orlando era um advogado super renomado.
     A vida de Alice se tornara essa: Domingo a noite ela ia para casa de Dona Kelly cuidar de Henry e Sexta de tarde ia dormir em um pequeno apartamento, localizado em uma republica não muito longe de seu emprego, onde dividia as despesas e o lugar com duas amigas de sua idade, Ângela e Duda, que conhecera logo que se mudou e as quais lhe ofereceram lugar para morar no pequeno apartamento. E que logo tornaram-se grandes amigas.

***

     Duda era a menor das três, um ano mais nova que Ângela e Alice, levava o estilo mais rebelde. Tinha a pele branca como a neve, olhos e cabelos pretos como petróleo. Usava roupas punks, maquiagens carregadas e nunca largava seu Ipod. Cursava a  faculdade de moda. Elas dividiam um só quarto, com Três camas, Duda dormia do lado da janela. Era fanática por uma banda  chamada Easy Plan. Apesar do estilo rebelde que Duda tinha, era um amor de pessoa. Super meiga e carinhosa, atenciosa e amiga.
Duda, desde que comprara um DVD player, não parava de ouvir Easy Plan no ultimo volume.
- Abaixa isso Duda! Eu preciso estudar, tenho prova semana que vem!
Essa é Ângela, a intelectual, inteligente, a “mãezona” do trio. Estava cursando o ultimo ano da faculdade de medicina. Ângela tinha pele branca com algumas sardas, Seus olhos levavam um tom mel que as vezes ficava verde por trás de uma armação preta e quadrada de seus óculos de grau. Seus cabelos castanho-claro eram lisos e retos, que caiam sobre seus ombros. Ela era maior que Alice e Duda, aumentando ainda mais o ar de mais “madura” do trio. Seu jeito era mais racional, responsável e amiga para todas as horas.
- Ah, me deixa Ângela! Você tem o final de semana inteiro ainda pra estudar! E eu quero ouvir meus amores cantar.
- Olá meninas, cheguei.
- Alice! Nem fala com a Ângela porque ela está muito concentrada nos estudos. Até me mandou desligar o DVD, acredita?
Alice riu e depois de cumprimentar Duda, foi até Ângela, que estava deitada no sofá com um caderno na mão.
- Alice. Que saudade! Como está?
- Bem Angel, e você?
- Tudo ótimo.
- E o meu pequenino?
Duda pulou nas costas de Alice que caiu no sofá. Todas riram.
- Ah louca! Ele está bem. Está crescendo tanto!
- Quando você o traz pra cá de novo hein? Quero tanto apertar aquelas bochechas gostosas! Meu rockeirinho.
- Seu rockeirinho logo virá matar a saudades dessas duas tias corujas.
Depois de um longo abraço coletivo, Alice foi para o quarto arrumar um pijama para dormir.


Fim do capítulo 15

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Capítulo 14

Capítulo 14




     Estava tudo bom demais para ser verdade. David a amava e ela amava David.  Alice não suportaria perder alguém amado assim, sem mais nem menos, outra vez.
Seria melhor ela sumir.
Fugir, como ela sempre fazia. Era uma fraca, uma covarde, mas era o melhor a se fazer. Era melhor acabar com isso de uma vez do que ficar com esse medo tolo de que irá perder outro amor.
Alice estremeceu com o pensamento e se perguntou se algum dia na vida perderia esse medo ridículo e pararia de fugir.
Ela estava muito abalada, queria fugir mesmo. Não estava nem ai com sua consciencia pesando sobre ela. Ela iria se mandar, definitivamente, iria para um lugar bem longe se esquecer de tudo.
E então, David acariciou o rosto dela de uma forma que a fez esquecer de tudo que estava fazendo. Ela sentiu um leve arrepio caminhar pelo seu corpo.
- Quer que eu durma aqui? Eu durmo na sala, não tem problema. Só quero ter certeza de que você vai ficar bem.
Alice respirou fundo e se encostou decentemente no sofá, saindo dos braços de David.
- Não David. Quero ficar um tempo sozinha. Me desculpe, eu...
- Tudo bem. Eu te entendo. - Ele falou de uma forma carinhosa, com aquele sorriso de novo.
E então beijou Alice na testa. Ela levantou do sofá e disse com voz firme.
- Pode ir embora David? Preciso descansar um pouco. Depois a gente conversa melhor... Talvez.
David nao discutiu, ela precisava de um momento. Ele já passara por isso quando seu pai sumira sem motivos, quando David ainda era uma criança. Ele preferiu ficar sozinho por anos e anos. Não se relacionava com ninguém, somente com seu amigo de infância William.
Ele a entendia.
E a amava.
Queria seu bem e por esse motivo, se dirigiu a porta sem debater.
Alice o acompanhou e antes dela fechar a porta de madeira, David segurou suas mãos e a olhou profundamente nos olhos.
- Alice...
Alice tinha os olhos transbordando novamente.
- Estarei aqui para o que você precisar.
Ela não disse nada, apenas olhou para baixo.
David susprou tristemente por ver a garota naquele estado.
- Tchau pequena, se cuida. Fique bem, por favor.
E então ele se virou para ir embora, mas foi impedido pela doce voz de Alice.
- David, espera!
David se virou para olhar Alice novamente e antes que ele conseguisse raciocinar qualquer coisa, ela se jogou em sua direção com um abraço forte.
- Obrigada por tudo mesmo. Eu... - Ela respirou fundo - Eu te amo! muito...
Antes que ele conseguisse responder, Alice colocou as mãos em seu ombro e o beijou.
Um beijo delicado, molhado pelas lágrimas de ambos, um pouco desesperado e perfeito para um primeiro beijo... E último, talvez.
Foi um beijo tímido que pegou David totalmente de surpresa. Mas antes que ele pudesse se envolver completamente no clima, ela se afastou e, sem olhar no rosto dele, trancou a porta. Deixando ele, novamente, sem entender nada. 


***


      Alice estava decidida! Correu até seu quarto.Eram 19h36.
Ela pegou todo seu dinheiro secreto que vinha guardando a um tempo, pelas gorjetas dos doces que entregava. E pegou as reservas que a mãe guardava para que, quando a  menina terminasse o colegial fosse para bem longe daquele fim de mundo viver sua vida. 
Era dinheiro o suficiente para sair daquele lugar e se instalar em algum outro local regular, achar um emprego e viver uma nova vida.
E esquecer o passado.
Esse era o mais importante... e o mais difícil a se fazer.
Mas ela não desistiu de tentar.... Não dessa vez.


                         Pegou sua maior mala, colocou toda sua roupa, e objetos pessoais de valor.  Na bagagem de mão, mais alguns objetos, a foto dela e de seu pai em um dia de pesca, uma foto dela, de sua mãe e de seu pai em algum lugar que ela não se lembrava e, finalmente, uma foto dela com David em um dia de aula de skate.
Fechou as malas, trancou a casa.
A chave, ela deixara com a vizinha que era grande amiga da mãe. A disse que ia passar um tempo fora e pediu que ela tomasse conta da casa durante a ausência.
Ausência que talvez duraria para sempre.

E assim, sem dizer mais nada a mais ninguém, se mandou para o aeroporto.



terça-feira, 28 de setembro de 2010

Capítulo 13

      Capítulo 13

     Alice acordou em uma cama de hospital tomando soro na veia. Ao tomar conta da realidade, Alice começou a chorar e a gritar.
-MAMAE! NÃO! PORQUE ME DEIXOU MAMAE? POR QUÊ?
Ela gritava incontrolavelmente e só acalmou quando a enfermeira entrou no apartamento, lhe dando calmantes. Alice via tudo embaçado e não conseguia falar nada, devido aos remédios. Ela queria se ver livre daquele lugar e esperou a enfermeira sair do local. Ficando sozinha, ela tirou cuidadosamente o soro de sua veia e saiu andando pelo corredor tentando parecer uma pessoa qualquer, o que era difícil pois estava tonta e vendo tudo embaçado devido aos calmantes.
Ao conseguir chegar à porta, Alice avistou David. Ou pensou que avistou, pois estava tão zonza que sentia que ia cair ali mesmo. David chegou até Alice, e dando apoio ao corpo mole e desnorteado dela, a levou para fora do hospital.
Alice se lembra até a hora de entrar no ônibus e então adormeceu no ombro de David.

 ***

     Ela acordou novamente, mas dessa vez estava em seu quarto. Levantou da cama em um pulo e ouviu o barulho do microondas. Ela suspirou aliviada.
Tudo não passara de um pesadelo!
Sua mãe morrer? Fora realmente um pesadelo e tanto. Tão real que Alice sentia dores na cabeça. Mas estava aliviada por ter sido apenas um sonho. Decidiu tomar um banho quente e dar um forte abraço em sua mãe.
Alice ligou o chuveiro quente e entrou debaixo do mesmo para relaxar do susto do pesadelo. Alice não se lembrava muito bem, devido á dor de cabeça, mas algo dizia que David também estava no pesadelo. Ai, ai, Alice o amava. Mas era impossível, ela tinha que se esquecer dele. Alice desligou o chuveiro e se trocou. O relógio marcava 15h35. Alice se assustou. Meu deus! Ela perdera a hora da escola e sua mãe nem viera chamá-la. Alice abriu a porta do banheiro e um delicioso cheiro de hambúrguer dançava pelo ar. O estomago de Alice roncou.
- Mãe, estou fome!
Alice abriu a porta e correu até a cozinha. Depois do pesadelo que tivera, ela queria dar um forte abraço em sua mãe e dizer o quanto a amava.
- Mãe, você não sabe o que eu sonhei! Eu...
Mas então, ao chegar na cozinha, Alice se depara, não com a sua mãe, mas com um garoto branco de cabelos negros e bagunçados, parado ali na sua cozinha comendo um delicioso lanche.
Sim, David estava ali, olhando para ela.
- Alice, você acordou! Eu sinto muito pela perda. Eu sei que Dona Ângela nunca me conheceu, nunca tive a chance de conversar com ela, mas pelo que você falava, ela era uma pessoa especial. Eu sei que está sendo barra pesada pra você. Vem, te fiz um lanche também, achei que você poderia estar com fome.
E então ele levou o lanche até Alice que permanecera imóvel, sem conseguir mover um só músculo. Seu coração batia descontrolavelmente. E foi então que a realidade caiu sobre ela como um tiro lhe atravessando o peito.
Alice caiu de joelhos no chão e começou a chorar dolorosamente. David ajoelhou ao seu lado e a abraçou forte.
- Calma pequena. Estou aqui. Você pode me odiar, mas eu não vou sair daqui. Não vou te deixar... Hey, se acalme.
Alice não conseguia falar nada, somente abraçar David e chorar.
Quando ela se acalmou um pouco, David levantou e pegou o lanche que fizera.
- Pronto, coma isso agora.
Alice tremia, fraca, por não ter comido nada o dia inteiro, pegou o lanche e o devorou rapidamente.
- Quer que eu faça outro?
Alice fez que não com a cabeça.
- Então vem, sai desse chão gelado. Senta no sofá e se acalme.
Alice foi para o sofá apoiada pelos braços de David.
Quando mais calma, ela olhou para David e falou com a voz rouca de choro.
- O que você está fazendo aqui? Como vim parar aqui do nada?
- Você me falou do local que ia ser e o horário. Eu apenas fiquei por lá e quando te encontrei, você estava tonta, como se tivesse bebido todas. E então eu te ajudei a vim para casa. Não foi fácil, você adormeceu no ônibus e tive que te trazer no colo, com todo mundo olhando. Acho que pensaram que eu estava te seqüestrando, mas o que importa é que você está bem agora. Ah e me perdoe, tive que vasculhar seus bolsos pra achar a chave da casa. Mas juro que não fiz nada de mais. Não seria capaz disso.
David sentou ao lado de Alice e a aconchegou em seus braços. Ele acariciava seus cabelos loiros e sussurrou.
- Me desculpa pequena, se fiz algo que te aborreceu... Mas eu não posso somente “não te procurar mais”... Eu te amo e quero cuidar de você.
Alice não disse nada, mas molhava a camisa de David com lágrimas quentes e silenciosas.
Ele apertou-a em seus braços e deu um leve beijo em sua cabeça. E , como se fosse possível naquele momento, ela se sentiu em paz e segura.

Fim do capítulo 13

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Capítulo 12

Capítulo 12

        

     Eram exatamente 8h da manhã quando bateram na porta do quarto onde Alice e Ângela dormiram. Alice, que já estava arrumada e dobrava seu cobertor, abriu a porta.
Era uma enfermeira, ruiva com sardas por todo o rosto e um sorriso tranquilo.
Alice se lembrou de William, eram semelhantes. Será que eles têm algum grau de parentesco? - Depois de sorrir com a comparação, se deu conta do porque a enfermeira estava ali.
Havia chegado a hora.
- Olá, sou a enfermeira Denise. Vim buscar a Dona Ângela.
Alice assentiu com a cabeça, um pouco tremula. Saiu da frente da porta, e foi até sua mãe.
- Chegou a hora mãe. Acorde.
Alice falava de um jeito calmo e tranquilo para não assustar a mãe com a realidade.
- Han? Hora de que?
Angela piscou mais algumas vezes até sua visão ficar clara.
- Aonde eu estou?
- No hospital mãe. Você veio fazer exames, lembra? Está tudo bem com você mãe, fique calma.
E então ela se lembrou de tudo e começou a tremer. Segurou as mãos de Alice com muita força e disse num sussurro.
- Não deixa filha. Não deixa que me levem. Eu não quero ir.
Angela parecia uma criança com medo do monstro no armário. Seus olhos estavam implorando. Alice sentiu o coração se partir ao meio e segurando as lágrimas abraçou a mãe. Forçou para que sua voz saísse firme, para encorajar a mãe.
- Fica calma mãe, vai dar tudo certo. Eu vou estar aqui te esperando. Sempre vou estar te esperando. E relaxa, você não vai sentir nada mãe. Vai dormir e quando acordar, ficará ótima. Agora vai lá mãe, a enfermeira Denise vai levar você. Fique tranquila que vai dar tudo certo. Eu prometo, ok?
Alice falava e fazia carinho no rosto de sua mãe.
Angela consentiu.
- Eu te amo filha. Obrigada por você ser tão especial pra mim. Obrigada por me ajudar sempre. Desculpa se algum dia eu não deixei você feliz. Me desculpa pelas vezes de estresse. Me desculpa por tudo que eu te fiz passar de ruim e obrigada por tudo que você me fez passar. Eu te amo filha, muito mesmo.
Alice chorava muito e mal conseguiu falar um “Eu te amo” devido ao choro. Angela tentou um sorriso encorajador para a filha e assim, ela se foi.
Alice ficou algum tempo no quarto, chorando e então, se levantou, limpou o rosto e desceu para o piso térreo do hospital.


          A menina aguardava impaciente na sala de espera.
As horas passavam e cada médico que passava em direção ao centro cirúrgico, Alice corria para perguntar sobre a mãe, mas as respostas eram sempre as mesmas:
- vou checar e logo mando alguém vim te avisar sobre o estado da paciente.
E então, lhe ofereciam água com açúcar, calmantes e etc.
          E foi então, que Dr. Mark, com uma roupa verde e uma touca da mesma cor na cabeça, veio em direção á Alice.
- Você é Alice, certo?
Alice se levantou rapidamente e com olhos enormes de preocupação e angústia encarou o Dr.
- Si-sim, sou eu. O que houve? Como está minha mãe? Ela está bem? Acabou a cirurgia? Me fale Dr.!
Dr. Mark olhou ao redor.
- Sente-se Alice.
Ela estava tremendo.
- Não! Me conte logo! Cadê a minha mãe?
Alice gritava na sala de espera, despertando a atenção de todos.
Dr. Mark estava tentando acalmá-la, mas a garota não ouvia suas palavras. Ela estava desesperada. E quando Alice finalmente, se acalmou um pouco, Dr. Mark aproveitou a situação.
- Alice... Você precisa entender. As notícias que te trago não são as que esperávamos.
E então ela parou, tudo parou. Tudo ficou mudo e confuso. Ela não conseguia se mexer, mas conseguiu ouvir as últimas palavras do Dr. Mark.
- Infelizmente Dona Angela não resistiu á cirurgia... Sinto muito. Ela foi forte, lutou para viver. Mas infelizmente, o resultado...
E antes do Dr. Mark terminar de falar, Alice caiu no chão, desacordada.

Fim do capítulo 12


quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Capítulo 11

Capítulo 11

- Você estará submetida a uma cirurgia, Dona Angela, amanhã mesmo. O horário está no papel que  Doutor irá lhe entregar logo mais.
Alice estava sentada ao lado da mãe, que conversava com o médico que a atendera nos exames.
- Doutor... Sou filha dela... Queria saber... É... Essa cirurgia... É de muito risco?
- Bom, não é ético da minha parte esconder isso dela, muito menos de você. Mas, a cirurgia tem riscos sim. Dificilmente o paciente sai sem algumas seqüelas.
Alice tremia.
- Que tipo de seqüelas doutor?
O Doutor ia falar, mas Alice segurou as mãos dele.
- Não! Não me fale! Não quero saber, obrigada.
- Com certeza senhorita. Mas fique tranquila, sua mãe ficará bem. Tenho que ir agora, logo mais o médico virá para te dar o papel com tudo sobre a cirurgia.
- Obrigada Doutor.
Dr. Raphael, como constava no crachá, era um homem elegante. Alto, de pele morena, cabelos crespos e um sorriso profissional. Ele deixou a sala e pouco tempo depois, outro homem entrou. Esse, que se chamava Dr. Mark, era um pouco mais baixo, de pele parda, olhos verdes e cabelos levementes ondulados.
- Dona Ângela?
- Sou eu Dr.
Angela falou com voz tremula e rouca.
- Bom, aqui está o papel. A senhora terá de ficar aqui essa noite. Com acompanhante se quiser. A cirurgia será amanhã de manhã.
Angela olhou com para o médico com olhos aterrorizados.
- Ficar aqui? Você fala... Vou ter que passar a noite? Dormir em um hospital?
- Sim, temos apartamentos confortáveis e botões automáticos que liga diretamente aos balcões de pronto atendimento por andar. Tudo que a senhora precisar, comida, água, mais cobertores, enfim. É só apertar o botão e falar o que deseja. Não tem problema nenhum.
- Não! Eu não irei dormir aqui!
Angela se levantou. Alice segurou suas mãos.
- Mãe. É melhor, eu fico aqui com você.
Dona Angela chorava.
-Mas...
- É melhor Dona Ângela, você terá que ficar em observação antes da cirurgia. Seu caso é sério, você precisa de atendimento médico.
- Mãe, vamos. Se acalme. Ouça o Doutor. Eu volto em casa e pego roupas para você. Não se preocupe, vou estar do seu lado... sempre.
Angela consentiu e abraçou a filha, chorando.
- Bom, vou mandar preparar o apartamento da senhora. Você pode ficar na sala de espera, logo mais venho buscá-la.
Angela só balançou a cabeça, afirmando.
- E eu vou lá em casa buscar suas coisas, tudo bem mãe? Você me espera um minutinho? Volto voando, ok?
Angela acenou com a . Alice beijou a testa da mãe e, rapidamente, tomou o ônibus para voltar para casa.
Ela andava apressada até a porta, o relógio marcava 20h15 e ela tinha medo de encontrar aquele velho gordo novamente. Mas foi ao chegar em casa que ela levou um susto ainda maior: Ali estava David. Sentado em frente ao seu portão. Ela pensou em correr para algum lugar, mas fora lerda demais. David a vira, e estava correndo ao seu encontro, com cara de preocupação.
- Alice! ... O que aconteceu? Vi você e sua mãe sairem correndo daqui. Pareciam chorando, o que está acontecendo?
- Mamãe está muito, muito doente David. Preciso pegar umas coisas, com licença.
Ela tentou abrir o portão, mas ele empacou na frente dela.
- Sinto muito Alice, mesmo.
- Obrigada David, pela compreensão. Mas, eu estou atrasada.
- Como sempre. Vai fugir para onde agora?
- David! Pare com isso. Minha mãe vai dormir no hospital, vim buscar umas roupas.
Ele ficou calado por um segundo, parecendo abalado.
- Desculpe... Quer ajuda?
- Não, obrigada.
Alice abriu a porta de casa.
- Eu recebi sua carta.
Alice entrou e David entrou logo atrás, ao ouvir as palavras dele, Alice sentiu um calafrio familiar percorrer seu corpo. Não conseguiu falar.
- Respeito que você queira ficar um tempo sozinha. Mas então eu estava passando por aqui e vi vocês duas, fiquei preocupado. Não pude deixar de vim ver como você estava. Me perdoe.
- Tudo bem... Eu...
- Não, não precisa falar nada. Não quero te deixar embaraçada... Bom, tem certeza que não quer ajuda?
- Não... obrigada.
- Que hospital ela está Alice?
- No hospital do centro. Não é longe, só tomar um ônibus e em 40 minutos estou lá.
- Ela está bem?
- Está... ou pelo menos parece estar. Amanha ela vai passar por uma cirurgia e... O médico disse que ela pode ficar com algumas sequelas.
Alice sentiu as lagrimas caírem por seu rosto. David ao perceber, correu ao seu encontro e a envolver em um abraço.
- Acalme-se pequena, vai passar. Ela vai ficar bem. Acalme-se.
Alice logo se recompôs e se livrou do abraço de David, pegando as roupas de dormir e objetos pessoais seus e de sua mãe.
- Tenho que ir.
David nada falou, e  seguiu até a porta.
- Que horas vai ser a cirurgia?
- Pela manhã.
David esperou Alice trancar a porta e segurou suas mãos.
- Conte comigo para o que precisar.
- Obrigada...
Eles começavam a andar. O silêncio os acompanhou até o ponto do ônibus. Alice já ia entrando no veiculo, quando David segurou sua mão.
- E a propósito... Eu não vou desistir de você Alice. Nunca.
A porta do ônibus fechou e Alice ficou sem saber exatamente o que fazer. Ficou apenas olhando David se afastar cada vez mais. E assim, se fora a seu destino.


Fim do capítulo 11

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Capítulo 10

Capítulo 1O


         Alice corria o mais rápido que conseguiu e ao chegar à praça vira que o relógio marcava 14h.  Alice sentou em um banco para tomar ar.
Droga! Esqueci o skate lá. - Alice lembrou, ofegante.  
Mas não tinha possibilidades de descobrirem ela pelo skate. Então ela suspirou.
Estava faminta e cansada. Levantou do banco e , desistindo de correr, andou lentamente até sua casa.
- Alice porque chegou mais tarde hoje?
Ela já estava quase recuperada e se foi para o quarto se arrumar para entregar doces. E foi falando durante o percurso.
- Bom... A professora de inglês segurou a gente por mais um tempo e... cheguei aqui agora.
- Veio correndo?
Alice estava ainda um pouco ofegante e depois de tomar um glorioso gole de água, respondeu.
- Estava morrendo de fome desde o começo da ultima aula. Então eu vim correndo.
Dona Ângela, se apressou por colocar o prato de Alice, enquanto a mesma deixava o material na sala.
- Oh mãe, não precisava por.
Dona Ângela suspirou e com olhos de quem escondia algo, falou.
- Terei que ir ao hospital hoje a tarde. Você pode cuidar da casa pra mim?
Alice olhou para a mãe num ato de impulso ao ouvir a palavra hospital.
- O que você está sentindo mãe?
Angela nunca ia a um hospital. Tinha pavor a um. Alice sabia disso, e por esse motivo, percebeu que algo não corria bem.
- Mãe...
- Estou bem Alice... Não é nada, só vou fazer uns exames... De rotina.
Dona Ângela fala desviando o olhar, aparentemente nervosa. Seus olhos estavam vermelhos, ela havia chorado o dia inteiro por sinal. E seu rosto estava pálido, como de costume.
Alice, percebendo que havia algo de estranho, chegou ao lado da mãe e tomou suas mãos.
- Mãe. Você não me engana. O que está acontencendo? Você passou mal?
Dona Angela estava tentando segurar as lágrimas, mas fora inútil. Como se uma barragem de água se rompesse nos olhos dela, um mar de lágrimas inundou seu rosto. Alice sentiu seu coração disparar. O que está de errado com mamãe? Ela nunca vira a mãe nesse estado e então, a garoto tomou a mãe em um forte abraço, segurando as lágrimas. Sua voz saiu falha.
- Mãe, calma. Está tudo bem! Não está?
- Oh, Alice...
A voz de Ângela era um sussurro e depois de se recompor, ela conseguiu dizer.
- Não tem porque esconder isso de você mais.
Alice apertou o abraço, preparando o coração para algo pesado que ela não fazia a menor idéia do que seria. Só sentia.
- Do que voce está falando mãe? Fala logo, Está me assustando!
Alice não conteve as lágrimas agora.
- Eu não estou bem Alice. Nem um pouco bem de saúde. Tenho dias contados.
Um calafrio percorreu o corpo de Alice.
- Do-doque você está fa-falando mãe?
Dona Ângela acenou com a cabeça negativamente, e chorava incontrolavelmente junto com Alice.
- Estou com câncer Alice.
Alice paralisou. As lágrimas não paravam, sua visão ficou distorcida pelas gotas salgadas que brotavam insistentemente de seus olhos.
- Vo-você o-oquê?
Angela não conseguia falar. Estava sufocada de soluços do choro. E Alice, abraçando a mãe, não conseguia raciocinar.
- Eu vou ao hospital com você. Eu.. Eu não vou te deixar nunca. Não vou sair do seu lado nunca mãe, nunca. Desculpa mãe, desculpa por ter sido rebelde algumas vezes. Desculpa. Não quero ficar longe de você, não.... Não quero. Eu te amo.
Alice não conseguia falar direito, as palavras saíram em sussurros tossidos, soluçados, molhados. Perdera a fome, esquecera de tudo.
Só sabia, naquele momento, abraçar a mãe o mais forte que podia.


Fim do capítulo 1O

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Capítulo 9

Capítulo 9


          Alice só acordou com sua mãe a chacoalhando insistentemente.
- Acorda minha filha! Você vai perder a hora da escola!
- Só mais cinco minutinhos mãe.
- Já passou mais de dez minutinhos e você está atrasada dona Alice! Faça o favor de se levantar agora!
Alice bufou e levantou do sofá. Dona Angela, mais palida e magra do que nunca, tentou dizer em voz firme. Tentou, pois estava cambaleante. Alice estava com tanto sono que não percebera.
- E posso saber também o porquê da senhorita dormir no sofá?
E então, a realidade dos fatos daquela madrugada caíram sobre Alice como um balde de água fria. Ela tinha de pensar em algo para responder.
- É... Eu... Eu vim beber água e acabei dormindo aqui mãe. Desculpe.
Dona Ângela ia argumentar, mas a menina foi mais rápida e correu para o quarto se trocar e foi para a escola. Deu um forte abraço e um beijo estalado em sua mãe.



           Alice passou o dia inteiro calada em sua carteira, como fazia sempre. Lia e relia a carta de David e também a que ela mesma escrevera para ele. Ela tinha que entregar! Tinha que dar um jeito nisso tudo. Precisava passar um tempo longe dele, para organizar seus pensamentos. Ela entregaria a carta na saída da escola, estava decidida.
         As horas passaram lentamente e ao bater o sinal, anunciando o fim das aulas, Alice andou apressadamente até o portão de saída. A carta estava em suas mãos. Ela apertava a carta, que começara a ficar umidecida devido ao suor da mão da menina.
 Mas ao chegar na saída, seu coração bateu dolorosamente. David não estava no lugar de sempre.
Alice suspirou triste e desceu os degraus, olhando sempre para os lados na esperança de encontrá-lo. Mas de nada adiantou, ele não viera dessa vez. E talvez nunca mais viesse. Alice sentiu uma pontada no peito, apesar de ser isso que ela desejava. Ou pensava que desejava.
Ela passou alguns minutos andando lentamente até, finalmente, chegar à rampa de skate em frente a seu curso de balé.
Como eu não pensei nisso antes?
Alice ficou rodeando o local, mas, infelizmente, não achou David. Suspirou fundo e se sentou no banco.
Um garoto de cabelos ruivos até o ombro, branquelo, de aparelho nos dentes e sardas no rosto se aproximou de Alice.
- Está procurando o Dave?
Alice levantou assustada, olhando o garoto.
- Como sabe?
O estranho garoto ruivo sorriu.
- Eu sou amigo daquele moleque desde criança. Ele vive falando de você, já a vi em fotos.
Ao perceber o embaraço da garota, o garoto estendeu a mão.
- Bom... Eu sou Willian!
- Alice
Ela dera um sorriso amarelo. Não estava muito bem, seu corpo tremia todo.
- Eu sei
Alice estava embaraçada com a situação e começou a ficar vermelha. Mas o garoto esquisito pareceu não perceber.
- Então, ele não apareceu hoje nem ontem. Não sei porque também, aquele moleque deve estar dormindo em casa.
Alice sentiu uma pontada de esperança. E uma idéia louca surgiu em sua mente.
- Sabe onde ele mora?
- Claro! Moro na rua do lado.
A pontada se tranformou em um jato de esperança. Alice sorriu internamente.
- Será que... Bom... Você poderia me levar até lá?
O menino sorriu deixando á mostra seus dentes tortos presos por um aparelho metálico.
- Claro! Porque não?


Alice agradeceu. O menino a mandou esperar um instante e pouco depois, trouxe debaixo dos braços dois skates.
 Tó, peguei emprestado de um chapa. Pode devolver amanhã, se quiser.
Alice hesitou.
- Relaxa Alice. To ligado que o Dave te ensinou. É pra chegarmos mais rapido. Não que seja longe, mais é que to cansadão.
Ele sorriu de novo. Aquele garoto era esquisito, engraçado, mas era simpático também. Alice sorriu e, subindo no skate, o acompanhou.
Eles não andaram muito, chegaram em um lugar da cidadezinha que Alice não conhecia. Era um lugar humilde, se via pelas casas sem pintura com cimento e reboques á mostra.
 Eles foram até um conjunto de casas simples e idênticas, com paredes acimentadas. Logo na primeira, Willian se virou para Alice e com um sorriso enorme falou:
- Está entregue.
- Muito obrigada Willian!
- As ordens. Bom, vo volta pra lá. Não to afim de ficar de vela não. Ah e manda um alo pro Dave, moro? Falou Alice, prazer conhecer você. Até mais, fui.
Os dois riram, Willian subiu em seu skate e voltou para a rampa. Quando ele sumiu da vista de Alice, ela se apressou e pulou o pequenino portão da casa de David.
Ao entrar, Alice correu ate a janela ao lado da porta e espiou. 
Era uma salinha escura, com um sofá bege em frente a uma televisão antiga. Alice andou por volta da casa e se deparou com um corredorzinho que ia até outra janela no fundo. Ela correu ate a janela e tentou enchergar por dentro desta.
Ela viu um pequeno quarto cujas paredes estavam totalmente repletas de pôsteres de bandas. Umas que ela gostava e outras que ela nunca ouvira. Mais em baixo, ao lado do armário com alguns pôsteres e placas de sinalização de trânsito colados nas portas, havia um skate preto, meio acabado, que ela conhecia muito bem. E então, finalmente, do outro lado do armário, ao lado da porta, estava uma cama simples onde se encontrava um garoto adormecido.
Alice sentiu seu coração bater violentamente e respirou fundo tentando se acalmar.
Tentou abrir a janela, que por sorte, estava aberta.
Alice deixou sua mochila no lado de fora com movimentos lentos e entrou cuidadosamente pela janela. Quando estava dentro do quarto de David, uma lágrima teimou em cair dos olhos de Alice que rapidamente a limpou. Ela apanhou o bilhete de seu bolso e se ajoelhou ao lado de David. Colocou o pequeno pedaço de papel cuidadosamente no travesseiro, ao lado da cabeça de David. Alice deu um leve beijo no rosto do garoto e, com mais cuidado, saiu pela janela.
Ao tocar o chão, esquecendo-se completamente de sua mochila, a menina tropeça na mesma, o que a leva a uma queda rápida e precisa. E o que leva um pequeno cãozinho vira-lata a acordar e começar a latir insistentemente para a garota. Com o coração hiper-acelerado do susto e com medo de acordar David  ela correu o mais rápido que pode em direção ao portão e pulou o mesmo em tempo Recorde.
Deixando para trás um cachorro barulhento, uma carta com significados não muito verdadeiros e deixando para trás... o seu eterno garoto skatista.




segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Capítulo 8

Capítulo 8




          David foi até a porta da casa de Alice pouco depois da garota sair correndo, mas não teve coragem de bater na porta. Foi até uma lanchonete próxima e pediu um pedaço de papel e uma caneta. David escreveu algo, sua expressão estava séria. As lágrimas já haviam secado. Ele nunca chorara antes, muito menos por causa de uma garota! Se repreendeu mentalmente por isso. Ao terminar de escrever, correu até a casa de Alice novamente e tentou espiar por entre uma cortina de renda branca de uma janela. Queria distinguir se era o quarto de Alice. Espiou e, por entre os buraquinhos da renda da cortina, ele conseguiu ver uma parede cor de rosa e um lindo armário branco.
 Não havia dúvidas, era o quarto de Alice.
David pensou em bater na janela para entregar o bilhete, mas seu orgulho o impedia. No fundo, ele estava com um pouco de raiva do ato de Alice. Mas, por amor, tinha de dar satisfações. Não podia, jamais, perdê-la para sempre.
Só com o pensamento, o garoto estremeceu. Por sorte, ou pelo destino, a janela de Alice se encontrava com uma pequena frestinha aberta. O suficiente para David enfiar a mão.
E assim o fez, dobrou bem o papel e arremessou para dentro do quarto da garota. Ao ver alguém, supostamente Alice, se mecher na cama para investigar o objeto, David correu para longe, para mais uma vez, esperar. 
Alice se assustou ao ver algo entrando pela janela e se escondeu embaixo do cobertor, pensando que fosse algum passarinho ou algo do gênero, mas o animal não se mecheu. Ok, não era um pássaro. Ela levantou com cautela para investigar o objeto não indentificado e se sentiu ridícula ao ver que era um mísero pedaço de papel mal dobrado. O rosto de Alice estava inchado de tanto chorar, estava cansada de ser daquele jeito.
 Ela levantou e pegou o pedaço de papel dobrado no chão, onde conseguiu ver algumas letras. A menina estremeceu por inteiro ao ver que era a letra de David. Ela então sentou em sua cama e bem devagar, foi desdobrando o papel.


Ela lera o bilhete várias vezes. Um mar de lágrimas caíam de seus olhos. E ali, abraçada ao papel e deitada em sua cama, adormecera.

***

         Alice acordou no meio da noite e o bilhete de David foi o primeiro objeto que lhe apareceu em seu campo de visão, fazendo-a perceber que era tudo realidade.
Ela o guardou em seu armário. Pegou um papel e uma caneta. Pensou, pensou ... E então escreveu:



              O pequeno bilhete fora tomado por alguns pingos de lágrimas. Ela o dobrou e pulou sua janela, para não acordar sua mãe.
Andou até a praça e se assustou ao ver o relógio que marcava 03h00 da manhã. Eu dormi por tanto tempo assim? - Alice pensou.
Ela continuou andando até a rampa de skate, porem não encontrou ninguém. Agradeceu intimamente por não ter encontrado ninguém. Ela iria amarelar e fugir de novo. Ela era uma idiota, era essa a verdade. - Alice pensou, lágrimas voltando a nascer em seus olhos. Com frio e cansada resolveu voltar para casa e entrou, silenciosamente, pela porta da frente. Colocou o bilhete em baixo da toalha de mesa da cozinha, deitou no sofá da sala e por ali mesmo adormecera.