segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Capítulo 8

Capítulo 8




          David foi até a porta da casa de Alice pouco depois da garota sair correndo, mas não teve coragem de bater na porta. Foi até uma lanchonete próxima e pediu um pedaço de papel e uma caneta. David escreveu algo, sua expressão estava séria. As lágrimas já haviam secado. Ele nunca chorara antes, muito menos por causa de uma garota! Se repreendeu mentalmente por isso. Ao terminar de escrever, correu até a casa de Alice novamente e tentou espiar por entre uma cortina de renda branca de uma janela. Queria distinguir se era o quarto de Alice. Espiou e, por entre os buraquinhos da renda da cortina, ele conseguiu ver uma parede cor de rosa e um lindo armário branco.
 Não havia dúvidas, era o quarto de Alice.
David pensou em bater na janela para entregar o bilhete, mas seu orgulho o impedia. No fundo, ele estava com um pouco de raiva do ato de Alice. Mas, por amor, tinha de dar satisfações. Não podia, jamais, perdê-la para sempre.
Só com o pensamento, o garoto estremeceu. Por sorte, ou pelo destino, a janela de Alice se encontrava com uma pequena frestinha aberta. O suficiente para David enfiar a mão.
E assim o fez, dobrou bem o papel e arremessou para dentro do quarto da garota. Ao ver alguém, supostamente Alice, se mecher na cama para investigar o objeto, David correu para longe, para mais uma vez, esperar. 
Alice se assustou ao ver algo entrando pela janela e se escondeu embaixo do cobertor, pensando que fosse algum passarinho ou algo do gênero, mas o animal não se mecheu. Ok, não era um pássaro. Ela levantou com cautela para investigar o objeto não indentificado e se sentiu ridícula ao ver que era um mísero pedaço de papel mal dobrado. O rosto de Alice estava inchado de tanto chorar, estava cansada de ser daquele jeito.
 Ela levantou e pegou o pedaço de papel dobrado no chão, onde conseguiu ver algumas letras. A menina estremeceu por inteiro ao ver que era a letra de David. Ela então sentou em sua cama e bem devagar, foi desdobrando o papel.


Ela lera o bilhete várias vezes. Um mar de lágrimas caíam de seus olhos. E ali, abraçada ao papel e deitada em sua cama, adormecera.

***

         Alice acordou no meio da noite e o bilhete de David foi o primeiro objeto que lhe apareceu em seu campo de visão, fazendo-a perceber que era tudo realidade.
Ela o guardou em seu armário. Pegou um papel e uma caneta. Pensou, pensou ... E então escreveu:



              O pequeno bilhete fora tomado por alguns pingos de lágrimas. Ela o dobrou e pulou sua janela, para não acordar sua mãe.
Andou até a praça e se assustou ao ver o relógio que marcava 03h00 da manhã. Eu dormi por tanto tempo assim? - Alice pensou.
Ela continuou andando até a rampa de skate, porem não encontrou ninguém. Agradeceu intimamente por não ter encontrado ninguém. Ela iria amarelar e fugir de novo. Ela era uma idiota, era essa a verdade. - Alice pensou, lágrimas voltando a nascer em seus olhos. Com frio e cansada resolveu voltar para casa e entrou, silenciosamente, pela porta da frente. Colocou o bilhete em baixo da toalha de mesa da cozinha, deitou no sofá da sala e por ali mesmo adormecera.




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