quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Capítulo 11

Capítulo 11

- Você estará submetida a uma cirurgia, Dona Angela, amanhã mesmo. O horário está no papel que  Doutor irá lhe entregar logo mais.
Alice estava sentada ao lado da mãe, que conversava com o médico que a atendera nos exames.
- Doutor... Sou filha dela... Queria saber... É... Essa cirurgia... É de muito risco?
- Bom, não é ético da minha parte esconder isso dela, muito menos de você. Mas, a cirurgia tem riscos sim. Dificilmente o paciente sai sem algumas seqüelas.
Alice tremia.
- Que tipo de seqüelas doutor?
O Doutor ia falar, mas Alice segurou as mãos dele.
- Não! Não me fale! Não quero saber, obrigada.
- Com certeza senhorita. Mas fique tranquila, sua mãe ficará bem. Tenho que ir agora, logo mais o médico virá para te dar o papel com tudo sobre a cirurgia.
- Obrigada Doutor.
Dr. Raphael, como constava no crachá, era um homem elegante. Alto, de pele morena, cabelos crespos e um sorriso profissional. Ele deixou a sala e pouco tempo depois, outro homem entrou. Esse, que se chamava Dr. Mark, era um pouco mais baixo, de pele parda, olhos verdes e cabelos levementes ondulados.
- Dona Ângela?
- Sou eu Dr.
Angela falou com voz tremula e rouca.
- Bom, aqui está o papel. A senhora terá de ficar aqui essa noite. Com acompanhante se quiser. A cirurgia será amanhã de manhã.
Angela olhou com para o médico com olhos aterrorizados.
- Ficar aqui? Você fala... Vou ter que passar a noite? Dormir em um hospital?
- Sim, temos apartamentos confortáveis e botões automáticos que liga diretamente aos balcões de pronto atendimento por andar. Tudo que a senhora precisar, comida, água, mais cobertores, enfim. É só apertar o botão e falar o que deseja. Não tem problema nenhum.
- Não! Eu não irei dormir aqui!
Angela se levantou. Alice segurou suas mãos.
- Mãe. É melhor, eu fico aqui com você.
Dona Angela chorava.
-Mas...
- É melhor Dona Ângela, você terá que ficar em observação antes da cirurgia. Seu caso é sério, você precisa de atendimento médico.
- Mãe, vamos. Se acalme. Ouça o Doutor. Eu volto em casa e pego roupas para você. Não se preocupe, vou estar do seu lado... sempre.
Angela consentiu e abraçou a filha, chorando.
- Bom, vou mandar preparar o apartamento da senhora. Você pode ficar na sala de espera, logo mais venho buscá-la.
Angela só balançou a cabeça, afirmando.
- E eu vou lá em casa buscar suas coisas, tudo bem mãe? Você me espera um minutinho? Volto voando, ok?
Angela acenou com a . Alice beijou a testa da mãe e, rapidamente, tomou o ônibus para voltar para casa.
Ela andava apressada até a porta, o relógio marcava 20h15 e ela tinha medo de encontrar aquele velho gordo novamente. Mas foi ao chegar em casa que ela levou um susto ainda maior: Ali estava David. Sentado em frente ao seu portão. Ela pensou em correr para algum lugar, mas fora lerda demais. David a vira, e estava correndo ao seu encontro, com cara de preocupação.
- Alice! ... O que aconteceu? Vi você e sua mãe sairem correndo daqui. Pareciam chorando, o que está acontecendo?
- Mamãe está muito, muito doente David. Preciso pegar umas coisas, com licença.
Ela tentou abrir o portão, mas ele empacou na frente dela.
- Sinto muito Alice, mesmo.
- Obrigada David, pela compreensão. Mas, eu estou atrasada.
- Como sempre. Vai fugir para onde agora?
- David! Pare com isso. Minha mãe vai dormir no hospital, vim buscar umas roupas.
Ele ficou calado por um segundo, parecendo abalado.
- Desculpe... Quer ajuda?
- Não, obrigada.
Alice abriu a porta de casa.
- Eu recebi sua carta.
Alice entrou e David entrou logo atrás, ao ouvir as palavras dele, Alice sentiu um calafrio familiar percorrer seu corpo. Não conseguiu falar.
- Respeito que você queira ficar um tempo sozinha. Mas então eu estava passando por aqui e vi vocês duas, fiquei preocupado. Não pude deixar de vim ver como você estava. Me perdoe.
- Tudo bem... Eu...
- Não, não precisa falar nada. Não quero te deixar embaraçada... Bom, tem certeza que não quer ajuda?
- Não... obrigada.
- Que hospital ela está Alice?
- No hospital do centro. Não é longe, só tomar um ônibus e em 40 minutos estou lá.
- Ela está bem?
- Está... ou pelo menos parece estar. Amanha ela vai passar por uma cirurgia e... O médico disse que ela pode ficar com algumas sequelas.
Alice sentiu as lagrimas caírem por seu rosto. David ao perceber, correu ao seu encontro e a envolver em um abraço.
- Acalme-se pequena, vai passar. Ela vai ficar bem. Acalme-se.
Alice logo se recompôs e se livrou do abraço de David, pegando as roupas de dormir e objetos pessoais seus e de sua mãe.
- Tenho que ir.
David nada falou, e  seguiu até a porta.
- Que horas vai ser a cirurgia?
- Pela manhã.
David esperou Alice trancar a porta e segurou suas mãos.
- Conte comigo para o que precisar.
- Obrigada...
Eles começavam a andar. O silêncio os acompanhou até o ponto do ônibus. Alice já ia entrando no veiculo, quando David segurou sua mão.
- E a propósito... Eu não vou desistir de você Alice. Nunca.
A porta do ônibus fechou e Alice ficou sem saber exatamente o que fazer. Ficou apenas olhando David se afastar cada vez mais. E assim, se fora a seu destino.


Fim do capítulo 11

Nenhum comentário: