terça-feira, 28 de setembro de 2010

Capítulo 13

      Capítulo 13

     Alice acordou em uma cama de hospital tomando soro na veia. Ao tomar conta da realidade, Alice começou a chorar e a gritar.
-MAMAE! NÃO! PORQUE ME DEIXOU MAMAE? POR QUÊ?
Ela gritava incontrolavelmente e só acalmou quando a enfermeira entrou no apartamento, lhe dando calmantes. Alice via tudo embaçado e não conseguia falar nada, devido aos remédios. Ela queria se ver livre daquele lugar e esperou a enfermeira sair do local. Ficando sozinha, ela tirou cuidadosamente o soro de sua veia e saiu andando pelo corredor tentando parecer uma pessoa qualquer, o que era difícil pois estava tonta e vendo tudo embaçado devido aos calmantes.
Ao conseguir chegar à porta, Alice avistou David. Ou pensou que avistou, pois estava tão zonza que sentia que ia cair ali mesmo. David chegou até Alice, e dando apoio ao corpo mole e desnorteado dela, a levou para fora do hospital.
Alice se lembra até a hora de entrar no ônibus e então adormeceu no ombro de David.

 ***

     Ela acordou novamente, mas dessa vez estava em seu quarto. Levantou da cama em um pulo e ouviu o barulho do microondas. Ela suspirou aliviada.
Tudo não passara de um pesadelo!
Sua mãe morrer? Fora realmente um pesadelo e tanto. Tão real que Alice sentia dores na cabeça. Mas estava aliviada por ter sido apenas um sonho. Decidiu tomar um banho quente e dar um forte abraço em sua mãe.
Alice ligou o chuveiro quente e entrou debaixo do mesmo para relaxar do susto do pesadelo. Alice não se lembrava muito bem, devido á dor de cabeça, mas algo dizia que David também estava no pesadelo. Ai, ai, Alice o amava. Mas era impossível, ela tinha que se esquecer dele. Alice desligou o chuveiro e se trocou. O relógio marcava 15h35. Alice se assustou. Meu deus! Ela perdera a hora da escola e sua mãe nem viera chamá-la. Alice abriu a porta do banheiro e um delicioso cheiro de hambúrguer dançava pelo ar. O estomago de Alice roncou.
- Mãe, estou fome!
Alice abriu a porta e correu até a cozinha. Depois do pesadelo que tivera, ela queria dar um forte abraço em sua mãe e dizer o quanto a amava.
- Mãe, você não sabe o que eu sonhei! Eu...
Mas então, ao chegar na cozinha, Alice se depara, não com a sua mãe, mas com um garoto branco de cabelos negros e bagunçados, parado ali na sua cozinha comendo um delicioso lanche.
Sim, David estava ali, olhando para ela.
- Alice, você acordou! Eu sinto muito pela perda. Eu sei que Dona Ângela nunca me conheceu, nunca tive a chance de conversar com ela, mas pelo que você falava, ela era uma pessoa especial. Eu sei que está sendo barra pesada pra você. Vem, te fiz um lanche também, achei que você poderia estar com fome.
E então ele levou o lanche até Alice que permanecera imóvel, sem conseguir mover um só músculo. Seu coração batia descontrolavelmente. E foi então que a realidade caiu sobre ela como um tiro lhe atravessando o peito.
Alice caiu de joelhos no chão e começou a chorar dolorosamente. David ajoelhou ao seu lado e a abraçou forte.
- Calma pequena. Estou aqui. Você pode me odiar, mas eu não vou sair daqui. Não vou te deixar... Hey, se acalme.
Alice não conseguia falar nada, somente abraçar David e chorar.
Quando ela se acalmou um pouco, David levantou e pegou o lanche que fizera.
- Pronto, coma isso agora.
Alice tremia, fraca, por não ter comido nada o dia inteiro, pegou o lanche e o devorou rapidamente.
- Quer que eu faça outro?
Alice fez que não com a cabeça.
- Então vem, sai desse chão gelado. Senta no sofá e se acalme.
Alice foi para o sofá apoiada pelos braços de David.
Quando mais calma, ela olhou para David e falou com a voz rouca de choro.
- O que você está fazendo aqui? Como vim parar aqui do nada?
- Você me falou do local que ia ser e o horário. Eu apenas fiquei por lá e quando te encontrei, você estava tonta, como se tivesse bebido todas. E então eu te ajudei a vim para casa. Não foi fácil, você adormeceu no ônibus e tive que te trazer no colo, com todo mundo olhando. Acho que pensaram que eu estava te seqüestrando, mas o que importa é que você está bem agora. Ah e me perdoe, tive que vasculhar seus bolsos pra achar a chave da casa. Mas juro que não fiz nada de mais. Não seria capaz disso.
David sentou ao lado de Alice e a aconchegou em seus braços. Ele acariciava seus cabelos loiros e sussurrou.
- Me desculpa pequena, se fiz algo que te aborreceu... Mas eu não posso somente “não te procurar mais”... Eu te amo e quero cuidar de você.
Alice não disse nada, mas molhava a camisa de David com lágrimas quentes e silenciosas.
Ele apertou-a em seus braços e deu um leve beijo em sua cabeça. E , como se fosse possível naquele momento, ela se sentiu em paz e segura.

Fim do capítulo 13

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