terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Capítulo 39

                 Capítulo 39




            Alice estava alimentando Henry. Era a hora do almoço e ela não estava com fome e não conseguia parar de pensar o que ela inventaria para o jantar.
Assim que Henry terminou de comer sua papinha melosa de cenoura e carne, Alice lavou tudo e colocou o bebê para brincar no tapetinho infantil na sala, onde estavam espalhados brinquedinhos barulhentos e mordedores coloridos. Alice brincava junto com ele quando se lembrou da vacina da criança. Pegou o telefone sem fio e dicou os números do médico de Henry que apareceria por lá daqui uma hora.
Ao desligar o telefone a imagem do bilhete escrito por David veio em sua mente. Ela subiu as escadas correndo e o pegou de dentro de seu guarda-roupa, colocando-o em seu bolso e descendo as escadas correndo para ficar perto de Henry.
Sentada junto com a criança, Alice lia o bilhete novamente e podia ouvir a voz de David pronunciando as palvras escritas. 
Ouvir a voz de David. 
Uma ponta de adrenalida nasceu no coração da garota e um pouco hesitante, Alice tornou a pegar o telefone e discar os números que David escrevera no bilhete.

-Alo?
-Da-david? – Alice falou em um sussurro.
-Quem está falando?

E então ela desligou. Sentiu seu corpo inteiro vibrar, a adrenalina corria em suas veias e então, tremendo, ligou para Angela.

-Alo? – Duda atendeu.
- Oi Duda, a Angel está?
-Ah, não. Ela acabou de sair. Liga no celular dela que você a encontra. Poxa fiquei sabendo que você não vai poder ir ao show.
-Ah, é verdade. Uma pena.
-É. Bem, se ele te mandar alguma carta eu vou ler antes, ok? Só por precaução – Disse Duda rindo.

Alice deu uma risada forçada.

-Obrigada Duda, beijo. – disse desligando o telefone.

Ela desligou e ligou para o celular de Angela.

-Alo? – Atendeu Angela. Barulho de carros no fundo.
-Angela, até que enfim te encontrei! Preciso te contar uma coisa.
-Como? Um minuto Alice, vou para um lugar menos barulhento.

Os ruídos foram diminuindo aos poucos.

-Pronto, entrei num banheiro de um bar aqui. Estou indo para a facul, o que quer falar comigo?
-Então Angel... Eu liguei.
-Hum?
- Eu liguei para o David. Eu liguei – sua voz saiu um pouco trêmula.

Um breve silêncio e então um quase grito.

-O QUE?
-Liguei para o David. – Alice mordeu o lábio inferior e fechou os olhos como uma expressão de dor.
-Não acredito Alice!!! Me conte TUDO!
-Não tem.. “tudo”.
-Como assim?

Alice suspirou.

-Eu desliguei... Na cara dele. – Alice apertou o punho, esperando a bronca.
- Eu não acredito Alice! Por que?

Alice teve que afastar um pouco o telefone do ouvido devido aos gritos de Angela.

-Desculpe Angel, mas sabe... Estou tão nervosa.

Um suspiro do outro lado da linha.

-Alice... Ligue para ele agora.
-Não posso. – Disse Alice, pensando em qual desculpa daria.
-Por que não pode?
- Porque... – E então Henry começou a chorar. – Porque tenho que cuidar de Henry!
-Alice, você não está fugindo outra vez, está?
-Beijos Angel.
-Alice, não se atreva a desligar! Alice!!!

Mas ela já tinha desligado e já estava subindo as escadas com Henry no colo para trocar sua fralda. Logo depois, ambos voltaram para a sala e continuaram brincando.

Alice ficou um segundo parada, olhando Henry e lembrando da doce voz de David. Levou seus dedos aos números do telefone. Ela tinha que ouvi-lo outra vez. Ela começara a discar os números escritos no papel, quando a campainha tocou, fazendo Alice levar um pequeno susto e Henry ficar com uma cara de interrogação maravilhosamente fofa, típica de bebê.

Alice suspirou e guardou o telefone na base, pegando Henry no colo e indo em direção a porta. Ao olhar no olho mágico, viu que era apenas Dr. Jhonny, o médico da família.

-Olá Alice. – Disse formalmente quando Alice abriu a porta. – Olá Henry. – Disse ao pequeno que estava concentrado em mastigar e babar seu mordedor azul.
-Olá Dr. Jhonny, entre por favor. – Alice abiu a porta, dando passagem para o médico.

Dr. Jhonny era um homem alto, seu nariz era reto como uma flecha e suas bochechas eram naturalmente rosadas do jeito que qualquer mulher mataria para ter. Tinha cabelos loiros curtos e olhos penetrantes cor de cinza-chuva. Era um homem sorridente que transmitia confiança até mesmo para um bebê de 10 meses.

Alice fechou a porta assim que Dr. Jhonny entrou.

-Bom, seu paciente está aqui. – Disse Alice sorrindo e tirando o mordedor de Henry que começou a reclamar.
-Certo – Disse Dr. Jhonny rindo das caretas de Henry que tentava pegar o mordedor da outra mão de Alice. – Coloque-o na cadeirinha que ele costuma comer. – Disse o Dr. com uma voz calma e profissional.

Alice assim o fez, enquanto o Dr. Jhonny pegava o termômetro e media a temperatura de Henry.

 - Está ótimo. Hora da vacina. – Dr. Jhonny dizia guardando o termômetro e pegando um pequenino frasco branco com um rótulo cheio de escritas. – Alice, segure a boca dele assim. – Ele mostrou para ela como fazia enquanto tirava a tampa do frasco.

Alice segurou a boca de Henry como o Dr. Jhonny pediu, apertando as bochechas para que o Dr pudesse pingar as gotinhas.
Alice assinou um papel e balançava Henry no colo, que reclamava do gosto ruim da vacina com um choroe então levou Dr. Jhonny até a porta.


                As horas se passaram e o relogico marcava 00h e nada de Kelly e Orlando chegar. Alice já havia feito um belíssimo e delicioso escondidinho de carne, arroz refinado e arroz de forno, alguns bifes com batatas fritas e um pouco de feijão com bastante caldo, do jeito que seus patrões gostavam. Mas com a demora deles, ela foi obrgada a guardar tudo na geladeira e esquentar quando chegassem. Eles chegavam 23h e quando tardavam 23h15. Mas nunca haviam ficado até depois da 00h fora. Ela estava morrendo de sono, sentada na sala e vendo TV. Henry dormia no andar de cima e com exceção da mulher anunciando uma nova câmera digital com pagamentos em até 15 vezes sem juros na televisão, a casa estava silenciosa até demais.

 E logo após algum tempo vendo televisão, sem notar, Alice cochilou no sofá. 


Fim do capítulo 39

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