terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Capítulo 40

Capítulo 40

Ás 10h da manhã do dia seguinte o despertador de Kelly e Orlando tocou no andar de cima. Alice acordou e estava no sofá, se espreguiçou por alguns segundos e esfregou os olhos. Pensou ter ouvido algo do andar de cima e se concentrando para distinguir o som, desligando a TV, ela se deu conta que era o despertador de Kelly e Orlando. Apressadamente, Alice levantou e correu para o banheiro lavar o rosto e escovar os dentes. Estava com a mesma roupa do dia anterior, já que adormecera no sofá e não a tirou. Correu para a sala, esperar Kelly e Orlando, mas ninguém desceu as escadas e o despertador ainda tocava frenéticamente no andar de cima. Alice suspirou e lembrou-se que eles deviam ter chegado muito tarde ontem, depois da meia noite com certeza, quando ela já roncava no sofá. Que feio. Alice se repreendeu e subiu as escadas para acordar os patrões ela mesma, já que sabia que eles não admitiam atrasos.
Toc toc.
Ninguem atendeu as batidas de Alice e ela, então, ousou entrar no quarto.

-Dona Kelly? Senhor Orlando? – Ela dizia enquanto abria a porta em silêncio.

Mas não havia ninguém lá. A cama estava do mesmo jeito que ela mesma deijara no dia anterior quando seus patrões saíram. Ela entrou e desligou o despertador dando de ombros. Seus patrões eram esquisitos de qualquer forma, deviam ter dormido fora e esquecido de avisar.
Alice suspirou e foi ver Henry que dormia como um anjo. Ela debruçou no berço da criança e ficou olhando-o, sorrindo. Como ela o amava. Era como se fosse seu próprio filho. Após dar um beijinho na testa de Henry, Alice desceu para esquentar um pouco da janta de ontem, pois ela estava morrendo de fome. Mas, mal abriu a porta da geladeira a campainha tocou. Ela parou, procurando em sua mente se dona Kelly dissera algo de visitas na quarta de manhã, mas não conseguiu lembrar de ninguém. Por um segundo pensou ser Kelly e Orlando, mas... fora de cogitação. Eles tinham chaves e nunca tocaram a campainha antes, não fazia sentido. A menos que eles fossem assaltados e os bandidos tivessem levado até mesmo suas chaves. Alice correu para a porta, preocupada e nem ao menos olhou pelo olho mágico, já abrindo a porta.

Não era dona Kelly muito menos senhor Orlando. Era um homem velho, de terno e sapatos sociais, cabelos brancos e bigode por fazer. Antes mesmo que Alice pudesse perguntar quem era e o que queria, o homem (que estava em frente a outros dois homens de preto musculosos e gigantes – seguranças, só podia) estendeu o braço na cara de Alice, com expressão arrogante, apresentando uma carteira com o símbolo do governo.

-Bom dia senhorita. Sou do conselho tutelar e por lei a criança que aqui reside, atendente ao nome Henry ficará por custódia do governo americano até acharmos algum paretne vivo, caso contrário o mesmo irá para o orfanato do estado. – O homem falava aqulo como um robô. Arrogante, frio e sem expressões.

Alice sentiu enjôos e sua cabeça começou a girar. Ela estava tonta e não estava entendo nada.

- Do-doque estão falando? – sua voz saía trêmula – acho que se enganaram. Henry mora aqui sim, mas tem pai e mãe. E eu sou  a babá dele. – disse ela, recuperando um pouco as forças. Bem pouco.
-Bom senhorita.. – ele fez uma cara de interrogação.
-Alice.
-Bom senhorita Alice, sinto lhe informar que os pais de Henry atendentes de nomes Kelly e Orlando faleceram em um acidente de carro nessa madrugada. E como nos foi informado pelo departamento de policia que aqui residia uma criança de menor viemos buscá-la para ficar em nossos cuidados até achar um parente de sangue vivo.

Alice sentiu que ia vomitar. Respirou fundo. Levou sua mão á boca e uma tempestade de lágrimas saíram de seus olhos.

- Co-como? – ela mal conseguia falar.

O homem parado em frente a porta, a olhava como que esperando que ela fizesse alguma coisa.

- Você precisa sentar. E se nos der licença, temos que levar a criança nesse exato momento. Voce deve levar todos os pertcenes e roupas da criança amanhã para este endereço – Ele lhe entregou um cartão.

Alice o pegou, tremendo e sem ar.

- O que posso fazer.. para impedir que o levem? – Alice tremia, sua voz saia falhada, mas ela tentava ser forte.
- Sinto muito senhorita, mas são ordens do juiz. Até que se ache um testamento você deverá deixar a casa hoje mesmo. Qualquer citação em seu nome entraremos em contato com você. O que deve fazer, é simplesmente assinar esses papéis e nos dar seus dados de residência.

Alice pegou os papéis, tremendo. Ela os mandou entrar e assinou a todos os papéis que diziam que ela estava ciente que estavam levando a cirança atendente do nome Henry nessa quarta feira ás 11h15 da manhã. Ela tomou um copo de água com açúcar e voltou para sala onde os três homens a aguardava.

-Bom senhorita Alice, nosso tempo é curto e temos que ir imediatamente com a criança. Poderia buscá-la para nós?

Alice assentiu, andando lentamente, tremendo e sem saber o que fazer. Ela subiu as escadas e abriu a porta de Henry. Ao vê-lo ali dormindo, tão inocente, indefeso. Ela comçou a chorar ainda mais, soluçando, pegou a criança do colo e a embalou em um abraço que não queria que se desfizesse nunca. Ficou o máximo de tempo que pôde ali com ele, compartilhando seus últimos momentos naquela casa, com aquela criança que ela tanto amava.
Então finalmente, desceu os degraus indo para a sala onde os três homens a aguardava. O velho estava impaciente e logo ao vê-la entrar, se levantou.

-Bom, estamos indo. Qualquer coisa sabe onde me encontrar. Leve as roupas da criança amanha sem falta.

Alice só conseguia chorar, sem ar, e olhar para Henry que dormia em seus braços. Em sua outra mão, estava uma sacola com os pertecenes pessoais e higiênicos de Henry que ela entregou para um dos homens de preto. O outro homem de preto estava agora ao seu lado, fazendo menção em pegar Henry. Alice hesitou e abraçou a criança forte, mas nem tanto, apenas o suficiente para não acordar Henry e para lhe dizer o quanto ela o amava.
Alice olhou feio para o segurança, seu rosto inchado de chorar. Ela ainda soluçava quando levou as três figuras à porta e teve o momento mais difícil de sua vida desde que se mudara: entregar o pequeno Henry. Ela hesitou, o beijou e sussurrou no seu ouvido. Eu vou te buscar bebê, prometo. Eu te amo, muito. Sua voz morreu quando um dos homens de preto pegou a criança, que ainda dormia, de seus braços e entrou no carro preto com vidros filmados de modo que Alice não viu mais ninguém.
Ela entrou e subiu até o quarto de Henry e ali, sentada no chão a observar o quarto, ela ficou. Sozinha. Vazia. E em prantos.

Fim do capítulo 40

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