segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Capítulo 6

Capítulo 6

                Alice chegou em casa ás 15h30min e Dona Angela, na cozinha, de avental e fazendo doces, surtou ao ver a menina.
- Isso são horas de chegar em casa? Você nem sequer me disse que iria sair! Você nunca foi assim garota. O que tá acontecendo? Eu preciso da sua ajuda pra fazer os doces e aonde voce estava? E... O que são esses machucados no seu corpo dona Alice? Aonde é que você esteve esse tempo todo? Com aquele tal garoto? O que está acontecendo com você garota, perdeu o juízo? Não tem casa? Pode falar agora Alice! Ou a senhora estará de castigo por uma semana!
Dona Angela, ultimamente, vinha emagrecendo muito. Olheiras eram visíveis em seu rosto e ela adornara uma coloração pálida em sua pele, inexplicavelmente. Qualquer precipitação, ela ficava com falta de ar e fraqueza. Mas estes eram sintomas que passavam despercebidos na maioria das vezes.
Alice chegou, bebeu um copo cheio d'água enquanto sua mãe falava. Ao terminar, ela olhou para sua mae e sorriu, tranquila.
- Ei mãe, se acalme. Eu só cai, está tudo bem. Não se preocupe, fique tranqüila. Ah.. E eu te amo
Alice usou as palavras de forma tão doce e meiga que deixou dona Ângela sem saber o que dizer, com cara de perplexidade. 
Alice entrou no banho e conforme as deliciosas gotas de água quente caiam sobre seu corpo, ela suspirava e pensava em David. Porque ela se sentia assim na presença ele? Será que estava realmente gostando daquele garoto skatista, que não tinha estudos? Ela nunca gostara de alguém antes, nunca amara e por essa razão, ela não sabia o por que de as pernas tremerem ao ver David. Talvez ela estivesse mesmo apaixonada, mas era muito cedo para ter certeza.
Alice sorriu e mordeu o labio inferior ao pensar nisso. Mas ela se sentia triste também. Ela sabia que nunca, em hipótese alguma, sua mãe iria aceitá-lo. Alice suspirou de tristeza. Vinha percebendo que a mãe estava ficando cada vez mais cansada, mais magra. Isso a deixava preocupada e com um peso na consciência. Alice se perguntou se algum dia na vida, encontraria a verdadeira felicidade.
E agora, aquelas deliciosas gotas quentes, caíam dolorosamente por suas feridas. Alice saiu do banho, preparou novos curativos e se trocou. Deitou-se em sua cama, olhou o relógio que marcava 15h57min, e assim ela adormeceu. Acordou com as batidas insistentes na porta de seu quarto.
- Alice! Você vai se atrasar! O que está fazendo? Ande logo! Abra essa porta. Vamos!
Alice levantou em um pulo, lavou o rosto rapidamente, pegou suas coisas e correu. Eram 17h45min e Alice saiu de casa tão apressada que acabou se esquecendo de se despedir de sua mãe.
Ao chegar à praça, eram exatamente 18h e ali estava David sentado no banco. Alice se aproximou dele correndo e falou ofegante.
- David, David! Me desculpe! Eu acabei dormindo e perdi a hora! Eu...
Alice estava muito ofegante e hiperativa. David segurou a menina pelos ombros, rindo da situação.
- Hei, se acalme Alice. Respira, senta aqui. - Ele a conduziu ao banco. - Pronto se acalme. Que horas você entra no curso?
Alice, agora sentada, soltou um suspiro audível e tentou relaxar os pensamentos. O que não era uma tarefa muito dificil com David de seu lado. Ele a relaxava facilmente, a deixava nas nuvens.
- Minhas aulas começam as 18h.
David olhou para o relógio da praça junto com Alice.
- São 18h05min. Vá logo, você vai se atrasar. Que horas você sai?
- Ás oito.
- Ok vou andar um pouco na rampa e logo mais eu volto para te buscar, pode ser?
Alice sorriu, agora mais calma.
- Ok David, obrigada! Tchau.
Alice correu e entrou em uma casa em frente á rampa, onde era seu curso. Ela se esforçou na aula daquele dia como prometido á Dona Carmen, que pegou um pouco pesado com a menina, mandado-a fazer os exercicios ritmicos para toda a classe.
Ao sair, David á esperava na porta, mais precisamente, no banco em frente ao curso. Alice cumprimentou David exatamente quando Isabela e Mariana saíram.
- Olha lá Mari, a Alice esquisita está namorando um vagabundo.
- Não fale assim dele Isa, ele até que é bonitinho. Mas tenho pena dele...
- Por que Mari?
- Ah amiga, na sociedade em que vivemos, não deve ser muito fácil ser cego.
Ambas riram e foram embora. Alice, suspirou de raiva.
- Odeio essas mimadas com toda a minha alma!
Alice falou apertando os punhos.
David soltou uma gargalhada gostosa de ouvir.
- Relaxa Alice, É tudo inveja de você. Sabe de uma coisa? Elas podem ter tudo que quiserem, mas o mais importante elas não têm. E sabem que você tem, por isso ficam com inveja.
Alice, ainda consumida pela pequena raiva, não percebeu o brilho nos olhos de David. E quase não prestou atenção no que ele falou.
- O que é?
David colocou uma mexa de cabelo de Alice atrás da orelha e acariciou seu rosto. Desta vez, Alice viu o brilho nos olhos do garoto e estremeceu não só com o toque, mas com sua voz doce.
- Beleza... Simpatia...
Alice ficou vermelha e não soube o que dizer, pega desprevinida, a menina recuou dos afagos de David.Percebendo o embaraço, o garoto mudou o assunto.
- Bom, que horas você sai da escola amanhã?
- 12h35min. – Disse Alice com as bochechas queimando.
- Posso te buscar?
- Claro! E ai continuaremos nossa aula de skate ok? – Alice disse, tentando amenizar a situação.
Percebendo que a menina nao se sentia confortável, David levantou e com ar de que nada tivesse acontecido, numa tentaiva frustrada de tentar acalmá-la.
- Ok Alice! Agora venha, vamos embora.

Fim do capítulo 6

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