segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Capítulo 2

Capítulo 2

        Alice não conseguia se concentrar direito na aula e Dona Carmen, sua professora de balé, chamara a atenção dela várias vezes.
Dona Carmen e Alice não se davam muito bem. Na verdade, a questão é que dona Carmen não se dava bem com ninguém. Nem mesmo com Bartô, seu gato de estimação que só voltava para casa para comer, mesmo.
Alice estava com a mente em outro lugar. Que nem ao menos ouvira a professora chamar seu nome
.
- ALICE! ficou surda agora é? Alice, estou falando com você!
- Perdão Dona Carmen, eu....
Dona Carmem, já sem paciência, cruza os braços e fecha a cara. As suas companheiras do curso, a olhavam com cara de desdém e irritação. Patricinhas mimadas pensava Alice a respeito delas. Alice suspirou e relaxou os ombros. Revirou os olhos.
-Você está com a mente no espaço desde o momento que entrou aqui. O que está acontecendo?
Alice precisava sair dali. Estava exausta. Tinha que pensar em alguma desculpa. E precisava ser rápida.

- Desculpe professora. É que.... eu.. Eu não estou me sentindo muito bem.
Alice dera essa desculpa para se livrar o quanto antes daquela aula monótona. Dona Carmem olhou no relógio e se virou para Alice.
- 
Bom falta meia hora para acabar a aula e como a senhorita já atrapalhou o bastante por hoje, com sua cabeça vazia, está dispensada da aula. Vá direto para casa e amanhã terá que se esforçar o dobro!
Alice fizera que sim com a cabeça. Agradecera pelo "milagre" mentalmente e com um sorriso de dor encenado, saiu.

Suas aulas de balé começavam 18h e terminavam ás 20h. Era 19h30min quando Alice, finalmente, saiu. A garota saiu apressada do curso e se sentou no banco da praça. Estava muito escuro e frio. Ela abriu a bolsa e colocou um agasalho, olhando ao redor. Não avia ninguém. O lugar parecia de filme de terror. Alice sentiu um calafrio percorrer o corpo. Levantou do banco e começou a andar calmamente, pensando naquele garoto. O garoto skatista que ela esbarrar alguns minutos atrás. Alice olhou para a rampa de skate, porém esta estava vazia. Ela se sentou, em um banco em frente a seu curso e sorriu com a lembrança de como aqueles olhos negros combinavam com seus cabelos.
Alice se pegou com a mente no espaço novamente e só saiu do transe quando quando suas duas colegas de curso, Isabela e Mariana interromperam seu discurso mental.
- Olha Isa, a garota esquisita está brisando de novo. Acho que ele carrega um quilo de pó ai dentro da mochila.
Mariana era um pouco maior que Alice e seus cabelo eram de um tom castanho avermelhado, caindo em leves ondas em seus ombros. Ela tinha uma cara de superioridade e sempre se vestia com roupas chique. Chique na medida do possível naquele lugar horrendo.
- Pois é Mari, ela deve estar tentando chamar atenção dos vagabundos drogados que andam nessa rampa. Mas acho que ela não percebeu que não tem ninguém ai.
Isabela era um pouco menor que Alice. Era como um "servo" para Mariana. Tinha cabelos loiros e escorridos e falava com um voz aguda que dava agonia de ouvir.
- Ninguém a quer e por isso ela tem que tentar com os trastes. Os mendigos dessa praça. A coitadinha mal sabe que vai morrer solteira.
- Pois é, tenho pena dela.
Ambas riram e saíram rumo a suas casas. Alice fingiu não ouvir aquelas patricinhas mimadas, metidas e invejosas. Esperou as duas figuras sumirem de vista. Alice suspirou fundo, se levantou e começou a andar de vagar. Olhou para o céu, a noite estava escura. As nuvens levavam um tom grafite que cobriam a lua, deixando se iluminar o ambiente somente pelas fracas luzes das estrelas. Talvez elas tenham razão em parte. Talvez eu não vou encontrar meu príncipe encantado. Mas sabe? Pouco me importa. Eu estou nessa vida pra ajudar a minha mãe. Só. Não me importo com amor. Alice pensava. Mas, cá entre nós, sabemos que isso é a maior mentira. Alice sabia disso também, apesar de não admitir.


Alice passou pela rampa de skate, parou e ficou ali alguns segundos lembrando do garoto. Ela não podia vê-lo novamente. Que cara ela ia ter? Depois de ter fugido daquele jeito. Alice suspirou fundo e voltou a andar.
Ela morria de medo de andar sozinha a noite e então quis apressar o passo para chegar perto da fraca iluminação de um poste, na frente de um barzinho aparentemente vazio. A cidade dorme muito, muito cedo por aqui. Pensou a menina voltando a andar.

Mal deu dois passos e um homem gordo, fedido e velho a abordou na escuridão.


Fim do capítulo 2

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